Porque aquilo que escapa das fronteiras do seu imaginário você não é capaz de conceber ou compreender, menos ainda de descrever e vender.
A sua infância foi marcada pela presença de livros, boas músicas e visitas ao museu? Você é uma pessoa de sorte. Os meus primeiros anos não foram assim. Criado na periferia do Rio de Janeiro, criança de pais pobres, o cenário ao meu redor parecia insinuar como seria o meu futuro.
Por mais que a Bíblia Sagrada estivesse sempre presente na casa dos meus pais, cristãos convictos, não me recordo de encontrar outros livros, senão aqueles que passei a trazer conforme os anos foram passando.
Uma adaptação em prosa da “Odisséia”, de Homero, foi a primeira obra que ganhei na escola pública. Poucas páginas, capa comum.
Mas, sem dúvida alguma, portadora de uma magia forte, antiga, que foi capaz de fazer um moleque magrelo e bagunceiro feito eu abandonar Os Cavaleiros do Zodíaco, e trocar o Santuário pelas aventuras de outro guerreiro.
De lá para cá, centenas de outras obras literárias foram devoradas e compradas. Passei a ler com tanto prazer, com tanta paixão, que a mãe que dizia que eu deveria trocar a televisão pelos livros acabou brigando para que eu trocasse os livros pela rua.
A maior mudança, no entanto, foi o entendimento de que o mundo não era apenas aquele cenário diante dos meus olhos. O meu futuro não precisava ser como o futuro daqueles colegas de bola que, ao surgir do primeiro fiapo de barba, desapareciam das disputas futebolísticas e começavam a andar com uma galera barra pesada.
Era o meu imaginário que estava sendo educado, expandindo as suas fronteiras, revelando que uma realidade bem diferente daquela era, sim, possível de ser alcançada.
Nós apenas somos capazes de conceber e compreender aquilo que imaginamos, e apenas imaginamos aquilo que é apreendido pelos nossos sentidos.
Sendo assim, deixo registrado o meu agradecimento aos livros, ao herói grego Ulisses, Penélope e Telêmaco, à edição de baixa renda que a escola deu.
No artigo de hoje, você irá descobrir o que é imaginário, por que é preciso educá-lo, quais os problemas de uma imaginação desordenada e como ela pode adoecer o seu trabalho como profissional de comunicação. Boa leitura. Eu espero que a sua aventura seja tão transformadora quanto a minha.
O que é Formação do Imaginário?
Sabendo que a imaginação, longe de ser um ato próprio das crianças, é construída por todas as experiências que acumulamos durante a vida, nós podemos definir a formação do imaginário como o processo de estruturação daquilo que captamos por meio dos cinco sentidos.
Apesar do conceito ter sido popularizado pelo professor Olavo de Carvalho, as bases da formação do imaginário podem ser encontradas no pensamento de São Tomás de Aquino, principalmente na sua filosofia do conhecimento, e Aristóteles.
E segundo os estudos desenvolvidos, o seu imaginário é formado por aquilo que você lê ou deixa de ler, por aquilo que você ouve, assiste, degusta ou sente. Nas palavras do santo, não há nada no intelecto que antes não tenha estado nos sentidos.
Uma criança que nasceu e cresceu em uma tribo perdida, longe de qualquer contato com aparatos tecnológicos, é capaz de sonhar em ser um astronauta ou mecânico de aviões? Para querer ser um astronauta, antes é preciso saber o que é um astronauta.
Por que é importante educar o seu imaginário?
A educação do imaginário serve para expandir o seu entendimento sobre o mundo, para alimentar a sua compreensão de que existem centenas de outras possibilidades além daquelas que a realidade apresenta no momento.
O imaginário, quando bem desenvolvido, serve para aprendermos a nos identificar com pessoas que são diferentes de nós, mas que sempre possuem um ponto de contato.
É somente com a leitura de bons livros que conseguimos criar personagens imaginários e incorporar novas possibilidades, novos dramas, novos conflitos, novas tensões, que ajudam na convivência direta com as pessoas, já que agora somos capazes de imaginar o que elas pensam e sentem.
É apenas a imaginação que nos permite sentir como o próximo, tentar compreendê-lo como ele mesmo se compreende – e não julgá-lo em um padrão qualquer, que pode não se adequar bem à situação.
Segundo o professor Olavo de Carvalho, a arte de compreender as pessoas depende inteiramente da amplitude do seu imaginário, da sua capacidade de vivenciar, mesmo que de forma fantasiosa, situações que você nunca viveu, dramas que nunca teve, sofrimentos que nunca padeceu, alegrias que nunca compartilhou.
Os problemas de um imaginário adoecido
A verdade é que, sem um imaginário bem educado, saudável, você não possui o conjunto de conceitos e símbolos necessários para tomar as melhores decisões da sua vida.
É apenas por meio de um imaginário educado que é possível decidir bem o que é bom e o que é ruim, o que merece atenção e o que é desnecessário, o que gera uma recompensa momentânea e o que é eterno, perene.
Uma pessoa com o imaginário adoecido, mal formado, não consegue encontrar o seu propósito, a sua vocação, algo que oriente a sua existência.
De tal maneira, incapaz de compreender a si próprio, também não consegue entender o outro, sentir o que o outro sente, pensar como o outro pensa. Está destinado a ter uma vida autocentrada, que enxerga apenas o próprio umbigo.
Mas, como bem escreveu o poeta John Donne, nenhum ser humano é uma ilha, completa em si mesma. Todo homem é um pedaço do continente, uma parte da terra firme.
Como formar ou educar o seu imaginário?
– Eu queria que minha imaginação fosse tão boa quanto a sua.
– Ela seria se você a cultivasse – respondeu Anne para animá-la.
Anne de Green Gables, Lucy M. Montgomery.
Antes de tudo, é importante dizer que parte da formação do seu imaginário ocorre com naturalidade, sendo um processo intrínseco ao ato de viver. Você se lembra que, no começo do artigo, eu disse que o conceito está ligado à captação dos seus sentidos?
O que pode – e deve! – ser feito, já que sabemos da importância de um imaginário bem formado, é zelar para que as informações e experiências captadas não sejam sempre tão medíocres, rasteiras. Como? Escolhendo aquilo que é bom, belo e verdadeiro.
Continue a sua leitura para entender como as boas obras literárias, as boas músicas e o bom cinema educam o seu imaginário, e fazem de você uma pessoa mais completa.
Literatura
Os clássicos da literatura são clássicos porque são vivos, atemporais. Eles oferecem a oportunidade de vivenciar as dores, os medos, os sonhos, os prazeres, de outras pessoas sem que seja preciso deixar de ser você mesmo.
Não é preciso trair o seu esposo, como fez a personagem Emma Bovary, para saber que as consequências disso serão catastróficas; tampouco ser um hobbit para entender que mesmo as menores pessoas, as pequeninas, são capazes de grandes feitos. Basta ler as boas obras literárias.
⭢ Quer entender melhor como os bons livros podem transformar a sua vida? Leia o artigo “Por que ler clássicos da literatura é tão importante assim?”.
Música
Você já parou e deu uma espiadela nas músicas mais tocadas de 2024? A canção mais tocada, mais ouvida pelos brasileiros, é “Dono da Porsche”, que demonstra a sua preocupação em orientar as pessoas para o que é elevado, belo e verdadeiro, como bem podemos ver no trecho a seguir:
“Vai fumar um pac, vai ficar muito lombrada
Vai beber uísque, vai querer sentar na vara
Vai lembrar de mim em plena toda madrugada.”
O que você acha que músicas assim ensinam? O que você aprende com elas? Não quero soar posudo, classudo, qualquer coisa do tipo, mas seja honesto. Como uma música assim contribui para o seu desenvolvimento? Você se torna uma pessoa melhor?
O meu objetivo não é dizer que, no meio de um churrasco de domingo, você deve ordenar que parem com o samba e, no lugar, coloque Rachmaninoff. É importante saber se adequar às ocasiões, por favor. Mas, em casa, o que você ouve?
Conheça os bons compositores, ouça boas músicas, aprenda com aqueles que dedicaram suas vidas à arte, que também possui a sua técnica. Você irá perceber que as canções que pareciam ser chatas, na verdade, conversam profundamente contigo.
Na verdade, você vai lembrar disso em plena toda madrugada.
Cinema
No meio de tantos lançamentos caóticos, horríveis, como Madame Teia, que é a incrível história de uma motorista de ambulância, sequer é preciso um grande esforço para reconhecer que é melhor dedicar o seu tempo às boas obras cinematográficas do que perdê-lo com essa porcalhada.
Você já assistiu ao filme “A Felicidade Não Se Compra”, do diretor Frank Capra? Tirou um tempo para ver “O Poderoso Chefão” e descobrir como ocorreu a queda da família Corleone?
É possível entender muito mais sobre os dramas humanos, nossas nuances, com essas representações do que um filme do Homem Aranha sem o Homem Aranha é capaz de te ensinar. Eduque o seu imaginário com o que verdadeiramente vale a pena.
Outras manifestações artísticas
O seu imaginário não é apenas educado pelas músicas que você ouve ou pelos filmes que assiste, mas também pelas peças teatrais que ocupam os palcos, pelas telas que os museus expõem, pelos caixotes de hoje, que chamamos de arquitetura.
Se parte do nosso imaginário é formado por aquilo que captamos com os nossos sentidos, quais grandes ensinamentos e experiências o mundo ao nosso redor está transmitindo?
Para descobrir como é grave o risco que nós corremos, quando abrimos mão de conceitos importantes como beleza, bondade e verdade, recomendo que você assista o documentário “Why Beauty Matters?”, apresentado pelo Sir Roger Scruton.
Por que a formação do imaginário é importante para um profissional da escrita?
Porque aquilo que escapa das fronteiras do seu imaginário você não é capaz de conceber ou compreender, menos ainda de descrever e vender. Repito. É impossível vender bem um produto ou serviço sem entender qual é a dor do seu cliente, sem saber como superar o medo que ele tem.
Sem entender o seu cliente, o seu leitor, a sua comunicação não é efetiva. Para que um acordo linguístico funcione bem é preciso que vocês estejam compartilhando os mesmos símbolos, atribuindo os mesmos significados às mesmas significantes.
Em outras palavras, você precisa entender a realidade do seu cliente, saber como ele se sente, o que ele quer ou precisa, mesmo que o próprio ainda não saiba e precise ser convencido por meio de uma escrita persuasiva.
Qualquer conversa sobre gatilhos que devem ser incluídos na sua página de vendas ou no seu criativo é balela, se ela não levar em consideração como funciona a mente do comprador.
Educar o seu imaginário é necessário para a sua formação pessoal, é claro, mas também para a sua formação como um profissional da comunicação. Você se comunica com alguém, afinal de contas! Compreender o outro, se colocar no lugar do outro, é seu dever.
Você quer educar o seu imaginário, mas não sabe como começar? Eu estou aqui para ajudá-lo.
Eu quero que você, redator de conteúdo ou copywriter, entenda que não basta fazer um curso profissionalizante para alcançar a segurança e o sucesso que os gurus prometem. É necessário muito mais para atrair bons clientes, vender bem, construir uma carreira de sucesso.
A tarefa não é tão fácil, não nego, mas é recompensadora. Vale a pena escrever artigos ou peças que, quando terminadas, você sente orgulho e sabe que está colaborando para o sucesso de boas empresas, e para a satisfação de muitos clientes.
Não prometo facilidade ou apenas duas horas de trabalho, que podem ser gastas na beira de uma praia. Nós, da Zílio. Consultoria de Marketing, queremos forjá-lo para uma carreira sólida, verdadeira, que proporcione o retorno financeiro merecido.
Você quer ser um redator de conteúdo melhor? Um profissional disputado pelas empresas? Viver de escrita? Conte comigo. Eu estou aqui para ajudá-lo a conseguir contratos maiores, e sentir que estão valorizando o seu trabalho.
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